quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

só respire



Está um dia bonito lá fora.
Pena que aquela sombra não vai embora.
Aquela sombra que esmaga meu estômago
Aquela que faz minha cabeça ter pensamentos sombrios.
É uma fase, quando você for adulta e se casar isso irá embora.

Não, ela não se foi, ela vem e volta. Minha oração afogada em lágrimas não apaga o que estou vendo. A sombra sorri para mim e me trás de volta aos meus pesadelos. Dias ruins revividos em looping mesmo acordada.

Eu não posso fugir disso. Eu preciso ser forte como as rochas do mar onde as ondas batem como açoites de um carrasco. Eu não posso fugir da minha cabeça. 

A sanidade se esvai por entre os dedos como uma mão esquelética que busca segurar um pouco de água. 

Continue respirando. Respire enquanto o medo te domina. Respire enquanto a dor faz seu choro sair como um gemido de um animal ferido.
Respire enquanto a saliva e as lágrimas te afogam.
Respire enquanto se pergunta se vale a pena viver com tanta dor.
Respire. Enquanto fica longe das facas e não arranca os cabelos os puxando.
Respire. E se foque no sentido de sua miserável existência. 
Respire. E sobreviva.

Está tudo bem. Querida sombra que habita na minha cabeça e aparece diante do reflexo do espelho. Você não irá embora. Nem meu medo, nem minha dor, nem minhas alucinações e nem meu inferno mental me deixará.

Sei que estarão lá quando eu parar de respirar.
Mas até lá... Estou respirando.
Está tudo bem ter medo.
Está tudo bem sentir a sanidade ir embora.
Está... Tudo bem ser assim.

Só respire... Só respire.

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

Apenas lembranças...


As vezes eu queria desaparecer e sumir em algum lugar. Queria que me confundissem com alguém e eu disser: Ah, essa era a minha irmã. Não era eu.

Talvez por que eu sinta que eu seja uma impostora da minha própria vida. Já se sentiu assim? Figurante do próprio filme? Espectador da própria peça?

As memórias felizes brilhantes estou a jogar em alguma caixa longe e distante da minha memória. Estou a largar de lado aquilo que sempre valorizei mais que a vida. Eu vivi intensamente a minha infância por mais sombria que as coisas fossem dentro da minha cabeça. Eu sorria enquanto as vozes berraram coisas horríveis. Eu sorria enquanto sangrava. Mas você nunca perceberia. Não é mesmo? Eu era uma criança feliz e agitada. Apenas isso. Não?... Que demônios poderiam haver atrás do meu sorriso?

Quando a adolescência veio e eu metia a cabeça na porta do armário, abraçava meus próprios pés e colocava músicas tão altas que dava para ouvir fora dos fones. Ninguém percebeu. Ou talvez apenas diziam. É só uma fase...


Pois é. A fase nunca se foi, as vozes nunca se calaram. Talvez a maioria delas, pois percebi que algumas são de mim mesma. Me punindo por algo horrível que eu fiz, pensei ou deveria ter feito. Eu queria não existir mais. Por que era doloroso. Eu as vezes não quero mais existir. Por que é doloroso.

Se um dia eu virar cinzas. Queria ser cinzas para alimento de uma flor tão linda quanto o lírio da aranha vermelha. 
Que minha morte seja silenciosa e aconchegante. Pois minha vida eu a julgo agitada e cheia de altos e baixos. Eu busco a razão de existir. Talvez eu exista para que no futuro algo bom exista.
Talvez eu seja o adubo de algo muito bom. Talvez eu seja as cinzas de uma bela flor como esta.
Talvez... Só um talvez. Eu seja só uma existência para que outra mais importante exista. De forma egoísta. Passei crer que existo apenas para criar o filho ou filha perfeita. Perfeita para alguém que nem nasceu... Perfeita naquilo que eu falhei miseravelmente... 
Eu as vezes achava que era a protagonista de um drama que ia ter um fim trágico apenas para aparecer em um jornal qualquer...


Eu seria apenas uma existência efêmera como os lírios que só nascem no outono. Meu nome devia significar verdadeira e intensa beleza.
Mas a única beleza que vejo em mim é em como consigo apreciar a morte e o fúnebre. E em como minha face se distorce no espelho como quando vemos nosso reflexo no lago e as ondas das águas o distorcem.

Eu sou apenas uma existência buscando ser útil. Eu sou uma existência retorcida pela dor e loucura. Sou aquela coisa que tentou ser algo e falhou. Não sendo nem para o que foi feito e nem para o que queriam fazer. Como um objeto modificado que perdeu qualquer utilidade.

Só há uma coisa que talvez eu possa fazer... 
Fazer o bem ou talvez o mal extremo. Eu não sei. É como se eu fosse algo que não devia existir. Como a menina que a morte esqueceu de buscar.

Não me encaixo em nada. Mas... Talvez isso um dia seja a minha qualidade... Ou minha perdição.
Só o tempo me dirá. E isso... Soa como uma sentença... Passeio no túnel do amor ou o passeio no carrinho de monstros? Quem sabe?

segunda-feira, 6 de julho de 2020

Respirar. Sobreviver


Primeiro dia de trabalho. Gente nova,lugar novo. Uniforme tão pequeno que eu penso em porque eu ainda tento viver. Minha perna esmagada em uma bota tão apertada, final do expediente estou roxa com tanta dor que eu penso em porque estou tentando.

Meu corpo está afogado na dor, senti tanta dor que eu esqueci o que é o meu normal, o remédio não apaga isso. Queria deixar de existir se isso me impedisse de sofrer assim.

Não falo com ninguém, não confio em ninguém. Não me sinto confortável com ninguém. Nem mesmo com a minha solidão.

Estou afogada na dor faz alguns dias, isso irá passar, eu sei. Mas a pergunta é quando, quantas horas mais terei de me arrastar com sono e dor? Quantas horas estressada de tanto espirrar e minha pele coçar preciso suportar?

Meu corpo parece estar todo errado, quebrado. Ele pesa e dói. Dói tanto que tudo que me resta é comer e tentar esquecer da dor. Recomeçando este ciclo. Estou me sabotando.


Eu estou viva. Sei disso por que dói, quando durmo e meus monstros vem para me assombrar, eu os abraço e rio dançando no inferno. Ali a dor não me alcança.

Nenhum pesadelo me machuca mais do que a realidade. Não posso ter o que quero de verdade. E nada pode suprir meu vazio.
Perder esta ilusão tem me machucado.

Eu não posso ser saudável e viver sem dor.
Ninguém pode me dar isso. Estou fadada a arrastar isso comigo como um caracol. A questão que me resta é aprender lidar com isso. Talvez isso me ajude em algo, talvez isso me leve á destruição. Eu não sei, apenas sei que está doendo. Doendo tanto que queria dormir e não acordar mais, se isso me poupasse da dor.

Meus monstros estão me comendo viva. Meu corpo se despedaçando junto á uma mente despedaçada. Não há nada aqui além de alguém destroçado se agarrando aos sonhos.
Dizem que a morte é ruim. 
Mas acho que só um tolo que não conhece uma vida cheia de sofrimentos diria isso 

A vida é linda. É boa. É como uma rosa. Mas tem seus espinhos.
E cá estou eu tentando expressar a dor dos meus espinhos. Minha mente quebrada em um corpo quebrado. Estou doente. E não posso pagar pelos meus remédios. Então resta-me viver com dor.
Não existe ungüento para os pobres.

Aliás, mesmo que eu pague pelos remédios... O que me garante que a dor irá embora?
Ela transborda em minha alma. Despedaça meu corpo.

Isso não é o bastante para me matar. Não sei se lamento ou agradeço.

Antes eu achava que queria era atenção e pessoas se importantando...
Mas hoje sei que não é isso. Eu só queria que a dor se fosse. Só isso. 

O que é essa dor?...
Não posso dizer. Não confio em ninguém.
Já estou magoada o bastante.
Quem seria louco de pedir sal para suas feridas?
Mas e se for o remédio?
Mas e se for sal?
Entre sal e remédio. Fico com minha dor Lucinante escondida na alma.

A dor não poderá ir embora. Pois não lavo e nem cuido da ferida. A culpa é minha.
Se antes eu tivesse ficado calada, teria apenas uma ferida dolorida. Mas cá estou com algo cheio de sal. Não consigo tirar.

Não consigo mais pedir ajuda. E se for mais sal?
Meus demônios em silêncio tentam me torturar em meus sonhos. Mas eu estou rindo e brincando com eles. A dor que eles me dão não me machuca mais. Dói, mas é tão pouco comparado com a realidade. É como um arranhão enquanto o outro é cair e torcer a perna a ponto de ter gesso em cima da ferimento aberto.

terça-feira, 9 de junho de 2020

Querido.... Blog....

Querido blog. Quanto tempo não?

Me casei, tenho 1 furão e dois axolotes. A vida passou mas eu ainda não acho que saiba viver.

Essa dor jamais irá embora. Eu fiz um passeio longo dias atrás e tirei belas fotos de paisagem. Desculpe, mas eu me odeio demais para me colocar em uma foto.

Não, ainda não tive filhos. Mas sonho com isso.


Aquele mostro em meu reflexo do espelho jamais foi embora.  Eu queria muito morrer, mas não posso. Sei que a morte não me trará a paz que estou buscando... Então, resta-me apertar o botão de continue, e aceitar este sofrimento.


Eu ainda sinto a solidão e a dor lascerante da minha adolescência, escreve-las jamais vai apagá-las, eu sei.

Amar machuca, mas acho que vale a pena, machuca mais é viver.

Estou lutando contra um monstro terrível, ele mora na minha cabeça e é o pior vizinho do mundo.

Espero não tentar me afogar no banho hoje. Espero conseguir continuar respirando...

Me sinto sem forças, acho que talvez eu me mate. É engraçado, estou com medo de mim mesma. Ninguém está aqui para me impedir de cortar os pulsos...

Estou sozinha agora e ele sabe disso. Posso ver o que não existe. Eu vou morrer? Estou rindo em silêncio...



Eu vou perder o controle e amarrar a corda no pescoço hoje?
Eu sinto dor, mas ela dói aonde não posso por a mão, não vai apagar com remédios.

Quero me cortar, quero sangrar e esquecer está outra dor.

Mas hoje vão vir me visitar, preciso fingir que está tudo bem.

Querido blog. Ainda quero escrever... Quero viver, mas... Sinto que estou me sabotando. Vou morrer em breve?

Querido blog. Você é minha carta ao mar. Mesmo que alguém possa ler. Aí da estarei presa na ilha deserta onde só existe eu e meu outro eu. Meu outro eu vai me matar?


Querido blog. Acho que as pessoas me entendem. Acho que elas me amam... Mas elas não me respeitam...
Querido blog. Eu estou morrendo... E ninguém pode me salvar de mim mesma...

Vou lá ouvir Chester e Avicii. Espero que possam me salvar... Ou... Perderei como eles?

Desculpe, eu não sei como assinar. Afinal. Quem eu sou?

Eu só sei o que sou. Acho que Já comecei bem.

Estou com dor... Mas não há remédios para isso.