terça-feira, 16 de agosto de 2022

mais um frasco...



Desabafo (Mais um frasco)

To com febre, catarro e tosse. Acho que é gripe, na dúvida estou em casa para ninguém pegar seja lá o que eu tenho.

A pior parte não é o mal estar físico. É as tremedeiras, os grunidos que escapam de meus lábios, meu corpo que tensiona sem meu desejo. As vezes acho que divido meu corpo com mais alguém, ou que voltei de alguma guerra que não me lembro.

As vezes eu quero desistir de existir. Sem esperanças de um amanhã melhor. Há fotos de minha infância, uma menina sorrindo alegre. Quem é aquela garota feliz? Quem é o reflexo do espelho? Cansado,ferido com o rosto inchado de chorar?

É a vez número 40 ou número 100 que eu acordo procurando um bebê para cuidar e checar. O bebê que não existe que estou a me confortar usando um tamagotchi. Eu sou um caso perdido, não?

As vezes digo meu esposo, você pode ter alguém melhor que eu. Alguém que pode te dar o mundo.

Nós comemos arroz e sachê de cozido. Por que estou incapaz de cozinhar.
Como um animal ferido na rua, me resta lamber minhas feridas e esperar que uma boa alma me ajude.
Eu sei que recebo ajuda de muita gente, mas se eu chorar o tempo todo, pedir ajuda o tempo todo. Só serei um fardo.certo?

Em meio as tremedeiras e a dor física, engulo mais um sachê de remédio do psiquiatra. Mas para mim, me sinto mais como um alcoólatra afogando suas mágoas no vinho.

Tudo desaparece diante do pequeno frasco. Assim como no vinho.
Assim como no vinho, o álcool vai embora e as mágoas precisam se afogar de novo. E de novo. Mais um frasco...

De novo... Mais um frasco.

De novo, mais um choro entalado e mais um frasco.

quarta-feira, 6 de julho de 2022

Velha Amiga...

 Desespero. Estou com dor. E queria que isso parasse, estou com fome, desespero e dor. Minha cabeça não me dá paz, estou a chorar e desejar gritar e implorar que isso pare.

Mas eu sei, nós sabemos que isso não vai parar.
Eu voltei ter aqueles sonhos, cozinho o jantar, o almoço e não posso comer. Eu preciso fazer tanta coisa, mas não posso. Meu corpo dói, estou me sabotando? Sim, estou.

Minhas pernas doem, minha bexiga implora para eu ir ao banheiro. Mas sou incapaz de ir. 

Eu preciso comer. Meu cerebro implora para eu por algo na boca. E eu coloco água. Temos água, tanto que as vezes fico tentada a me afogar.

Eu sinto o desespero em minhas veias. Isso não vai me matar. Mas é agonizante.

Minha velha amiga... A fome, me trazendo o desespero, a dor e a insegurança.

Eu vou morrer?... Não, eu estou acima do peso, sabemos que vou agonizar bastante...

Minha mente grita agonizando... Enquanto olho pacificamente o teto e a janela de cortinas fechadas. Eu tento imaginar o céu lá fora. Meu pavor de morar no térreo me impede de olhar pela janela...

Eu estou presa em um corpo doente... Em uma mente doente ...

Minha velha amiga me abraça, trazendo dor e desespero. E desta vez, decidi aceitar.
Estou afogando... A dor me dá sono. Então, vou cochilar. Ao menos assim os pensamentos ruins e alucinações só podem me ferir em meus sonhos... E meu corpo fica salvo de mim mesma...

Velha amiga. Vamos juntos brindar as lágrimas e meu horror. Estou afogando. Mas ao menos esse mar eu já conheço... Essa dor eu já conheço...

Velha amiga... Hoje, você pode me ferir...
Pois estou cansada e não vou resistir muito. Só não vou pernitir morrer ... Afinal, se eu morrer o jogo acaba... E eu sei que você quer brincar  mais.

Olá, velha amiga...

terça-feira, 24 de maio de 2022

saudável....?


O que é saudável? Uma criança que pode correr e brincar sem se preocupar em usar bombinha de asma? Eu sempre tive de ser cuidadosa de não ficar alegre demais, ou desmaiava e sentia dor de cabeça, tossia muito.


Na adolescência eu não podia usar roupa demais, o suor queima minha pele até sangrar. Mas se eu sentir frio tenho coriza e posso me engasgar com minha própria sujeira. Isso se eu não assoar o nariz até ter dor de cabeça.


Na vida jovem adulta sangrava tanto no ciclo menstrual que eu vivia no hospital com anêmica e infecções no sangue.


Eu vivi tanto com remédios, hospitais e problemas de saúde que quando dizem. Você esta bem? Eu em off tento sorrir e dizer que estou bem.


Sinceramente... Nunca me lembro de uma etapa da minha vida sem dor, sem médicos, remédios.


As pessoas se irritam perguntando o que eu tenho. Mas cada vez é uma doença diferente.

Bem, eu tenho problemas mentais, dermatite de contato (alergia de pele), bruxismo(morder a boca até doer a cabeça). 


Esse são os problemas que tenho com laudo médico. O resto? Só me deram remédios e ficam indo e voltando como as ondas do mar.


Acho que só sou uma pessoa de saúde ruim. Onde tive sorte de não morrer. Nada foi grave o bastante para me matar, apesar que já recebi 3 condenações de câncer com prazo de vida... Mas no final era só minha pele doente...


As vezes me pergunto. Como é correr até perder o fôlego e se jogar na grama ofegando?

Como é ficar em uma piscina até sua pele enrugar?

Como é tomar sol o dia todo sem sentir seu suor te fazer feridas?


Como é poder tomar banho com sabão livremente? É bom usar maquiagem? É gostoso se entupir de sorvete ou leite sem medo de vomitar tudo?


São coisas que não posso fazer... Cabe apenas minha imaginação e palavras.

Talvez por isso eu goste tanto de RPG. Eu sou um pouco mais livre...


Eu não sei o que eu tenho. Vivi minha vida com exames e mais exames, agulhas, seringas, soros e comprimidos. É doloroso. Eu odeio isso.


Então, acho que só me conformei. E aceitei o que os médicos dizem. Se isso te faz mal. Não faça mais. O motivo não importa.

segunda-feira, 9 de maio de 2022

.... ca... da...


Olá querido diário, como está?
Bem, eu estou bem emotiva e sufocada, há tanto medo e palavras afogadas em minha garganta que estou cansada.

Acho que dizer que estava grávida foi um erro.

Não, a gestação não é um erro. Mas, aos poucos tudo que me apeguei se dissipou como um algodão doce colocado na água.

Eu preciso comer, beber água. E isso esta cada vez mais doloroso, eu não quero. Para mim comer e beber água é um peso, queria ser apenas uma plantinha, adubo, sol, água e ser esquecida em algum lugar.

As vezes eu penso em como seria bom pensar em nomes, planejar as coisas do bebê. Mas aí eu me freio e não me permito pensar nele.
Ele esta ali, lutando para sovreviver. Eu estou esperando ele gritar para mim "estou aqui".

As vezes queria dizer a ele o quanto eu sinto muito. Que eu já parei de beber coisas com cafeína, cortei o chocolate e coisas doces. Que estou maneirando nos sucos cheios de frutose... E que é complicado viver só com 1 gole de coca-cola.

Ah, e eu parei minha medicação do psiquiatra. Eu achei que ficaria bem, que estava pronta. Bem, acho que não estou nada pronta. Kkkkkkk

Peguei um resfriado, meu olfato tá zuado. Eu não consigo comer, tenho ansia de vomito e enjôos, sinto muita dor nos ombros e dentes.

As vezes eu tenho alucinações e deito quieta como um animal ferido. Eu queria dizer que estou com dor. Mas... Percebo que não há ninguém para me ouvir chorar.


Tudo que sinto é meu choro entalado, meus olhos marejados. Eu estou uma pilha de emoções, quero chorar, rir e ao mesmo tempo ficar furiosa. Quero aceitar tudo isso... 

Na verdade, estou aceitando até que bem...

Ok, não estou nada bem. Minha boneca favorita não esta aqui, nem minha pelúcia favorita. Não há ninguém...

Somente eu e eu mesma. As minhas vozes ainda não voltaram, mesmo parando de tomar os remédios.

É um silêncio sufocante.

Eu quero desistir de viver. Esta mais doloroso do que nunca. Eu lutei tanto, eu me esforcei tanto. Mas... O que ganhei com isso?

Mais e mais contas e despesa. Eu não tenho esperanças de salvação para mim.

Tudo que eu penso é ter minhas patas em um novo bicho de estimação. Ser egoísta de dizer: "Se falhar" esta tudo bem.

Eu queria pensar mais no meu bebê. Mas... O medo me congela.... E se eu ama-lo e ele for tirado de mim?

Eu amei meus caranguejos, eu amei meu paladar, meu olfato, minha sanidade, meu companheiro de conversa...

Tudo isso, foi arrancado impiedosamente de mim... 

Talvez eu deva ficar quieta e fingir que não sinto nada... Assim nada mais poderá ser arrancado de mim...

Não vou mais sofrer...


Arrancada, despedaçada
Quebrada, machucada
Frustrada, magoada
Isolada... Abandonada?

O tempo é algo que tenho sobrando. Mas não sinto que tenho saúde para nada.

Tudo dói, machuca, cansa... Exige esforço...


Eu me esforcei muito... 
Mas... Não me sinto recompensada. Apenas cada vez mais magoada e iludida.

Não vejo sentido em me esforçar...
Sabe, não é que eu não queira. Eu simplesmente não posso, pois... Parece que quanto mais me dedico, pior fica.

sexta-feira, 22 de abril de 2022

eu... sou obrigada?


Eu sou obrigada? Um amigo disse para eu fazer uma surpresa ao meu amor, me deu dicas e eu fingi que fiz o que ele disse. Não estava afim de fazer, preferi só fingir e entrar na brincadeira.
Depois ele me perguntou como foi. E eu disse "foi bom". Ele disse que sou obrigada a detalhar por que ele deu a idéia.

Bem... Isso me chateou. Por que... Bem, eu falo muita coisa abertamente, não temo falar da minha vida íntima ou das minhas dores. Mas as vezes... Eu quero falar quando eu quero... Não gosto de ser "obrigada abrir o jogo".

Eu não acho que eu seja bonita o bastante para alguma coisa. Sabe, as coisas não estão fáceis. Mas eu não quero mais ferrar a minha cabeça em troca de dinheiro. Eu tô começando a pensar em ser qualquer coisa desde que isso traga o prato de comida na mesa.

As vezes acho que eu sou uma baita preguiçosa, é assim que eu me sinto. Uma preguiçosa sem energia para nada. Eu sempre tento meu melhor, cozinho o melhor que posso. Mas... Isso é o bastante? Acho que não, o mundo não é feito pela meritocracia.  Eu posso dar duro e mal ter comida na mesa.

Eu penso que quero reconhecimento. Mas... Eu mesma não consigo ver alguma coisa boa em mim. Hoje eu quero só me esconder. Mas... Não posso ficar assim pra sempre, não?

Eu vou divertir as pessoas em teoca de um trocado. Eu preciso desenhar? Tirar fotos? Dizer o que você quer ouvir? Eu serei uma boneca de aluguel.

É horrível, não? Mas... Isso machuca menos a minha cabeça que me enfiar em uma linha de produção e tentar fingir que estou bem, mas eu to um lixo.

Eu sei, estou acima do peso. Eu não saio da cama para quase nada, eu preciso comecar me exercitar. Mas a verdade é que penso mais em uma dieta mais leve. Pois... To desanimada de comer quando estou sozinha. E eu odeio sair sozinha, me sinto desprotegida e frágil. Odeio essa sensação.

Ok, vamos lá novamente ser uma boa boneca. Eu não quero. Mais quais são minhas opções?
Eu preciso comer e tenho pessoas importantes que precisam de mim.


Sabe, nada que alguém me disser é pior do que os monstros me comendo por dentro. Eu preciso de ajuda... Mas acho que sou um peso. Então preciso... Aprender a me cuidar sozinha.

Aliás, eu fiz 27. Achei que as coisas iam melhorar ao ser adulta. Mas... Eu ainda me sinto como a mesma adolescente ferida... A dor não diminuiu tanto. Por que diabos... Isso não passa?

Bem, eu tento só me encher com distrações e engolir tudo isso. Afinal, preciso ser paciente. É o que me dizem. 

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

Noite em claro, moral é claro

Passei a noite em claro depois de um pesadelo. E infelizmente, eles são memórias de um passado distante.

Às vezes eu me pego perguntando. O que aconteceu comigo?
A minha mãe abraça minha foto de quando era criança, beija e diz que ama. Mas quando ela me vê ela me olha e diz friamente bom dia. Ela já gritou comigo várias vezes. Você é um monstro.

Eu cresci assim, do bebê mais lindo do mundo para o monstro que ela não podia jogar fora. Ela dizia que não podia me dar para adoção pois não era moralmente correto uma mãe fazer isso. Mas ela me odiava. E não permitiu ninguém mais ser minha mãe, ninguém mais me amar.

Eu ainda sinto isso. Para aonde foi aquele amor? Por que diabos Deus permitiu que eu crescesse?

Ainda me lembro dela calando meu choro no tapa mandando ser adulta, que eu era o monstro que a impedia de dormir.

Eu fui o monstro do armário do meu irmão, lia histórias, fazia seu jantar, lhe dava banho e ficava a dar remédios e medir sua febre. Eu precisava bater nele quando ele fazia merda, mas… eu pegava o chinelo macio e as vezes mandava ele chorar e berrar como se doesse, pois… Ela estava olhando.

Eu desejava fazer o que fizeram comigo...
Eu queria ver o que os adultos viam quando eu gritava... Eu preciso saber...

Então, eu vim ser o monstro que sempre quis ser aqui. Eu pego minhas bonecas e digo. Vamos quebra-las juntos?

Isso é moralmente correto? Não... Nós sabemos que não. Mas, eu não posso dormir sem reviver essas memórias... Vamos lá... Vem brincar comigo.

Me deixe ter "pesadelos" acordada. Por que quando eu fechar os olhos. Quero me esquecer da minha infância.

Ou quem sabe, passar alguns lápis de cor pastel nisso tudo. Ou… tirar todas as cores e deixar só preto e branco e retorcer tudo isso em palavras.

O monstro ainda se lembra do bebê alegre que um dia fui… o que raios houve comigo? Por que isso me afeta tanto?

Sabe… eu odeio as minhas fotos. Minha mãe as ama. Como jamais vai me amar um dia.

Afinal, eu sou o monstro da casa. E é moralmente errado ela me jogar fora e me libertar. Ela precisa me manter na gaiola e fingir que me ama. Afinal, ela é minha mãe
 Mas, acredito que eu teria mais valor sendo enterrada. Pois, ela sempre diz como é ruim ser mãe de uma filha morta. Afinal, eu sou só um monstro.

Eu odeio o moralmente correto.

Para mim prioridade é: tem vítimas? Isso fere alguém física ou psicologicamente? Não? Então vamos fazer o moralmente correto.

O moralmente correto faz vítima? Então... Talvez devemos ser imorais, não?

Bem, isso me faz um monstro. É o que dizem...

segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

Cansaço...


Eu já disse o quanto eu gosto dessa Arte? Talvez você já tenha a visto tantas vezes que já enjoou..

Bem, não estamos aqui para fugir do foco, não é mesmo? Estou aqui para escrever mais uma página nesse diário online, dizer minhas lamentações como sempre, tentar me sentir mais leve.

Os dias são solitários, as vozes se foram e eu não quero mais medicação, quero me agarrar a zona desconfortável da minha vida onde eu sabia com o que eu estava lidando. Essa de navegar em águas desconhecidas é muito cansativo.


Estou aqui chateada, nervosa e estressada. Não há muitas pessoas para interagir, e cada interação me sinto mais imcompreendida. Isso me cansa e me puxa para baixo, como um mar tempestuoso que habita em minha alma e nada faz ele acalma-lo. 

Restando apenas a luxúria como o único sentimento que faz com que essa sensação desagradável passe. Quero só ver coisas de feitiches, quero apenas escrever e jogar jogos de RPG escritos por chat com cunho sexual onde me sinto satisfeita. Onde essa frustração suma.


Eu quero mesmo só me afogar nisso. E cada vez mais isso vira um ciclo exaustivo e cansativo. Não sinto que eu consiga interagir com as pessoas, não sinto que eu seja agradável ou algo assim. Sou a garota estranha sentada no canto da festa tentando se socializar com algum bicho de estimação, a garota que mesmo no próprio aniversário é expulsa da festa.

Eu sou essa menina estranha, sedenta sempre por mais e mais. Seria atenção? Seria a sensação de sentir algo? Dor, angústia ou prazer?... Só Deus sabe...

Na verdade... Eu sei, mas talvez só não queira admitir... De fato, estou cansada.

Cansada do silêncio da minha cabeça, viver sem as alucinações auditivas, cansada de se sentir sozinha, cansada... Cansada... É tudo que estou a dizer... Seria o que me define?

Cansaço e a sede por mais? Estou frustrada... Sim, eu estou...