Mas eu sei, nós sabemos que isso não vai parar.
Eu voltei ter aqueles sonhos, cozinho o jantar, o almoço e não posso comer. Eu preciso fazer tanta coisa, mas não posso. Meu corpo dói, estou me sabotando? Sim, estou.
Minhas pernas doem, minha bexiga implora para eu ir ao banheiro. Mas sou incapaz de ir.
Eu preciso comer. Meu cerebro implora para eu por algo na boca. E eu coloco água. Temos água, tanto que as vezes fico tentada a me afogar.
Eu sinto o desespero em minhas veias. Isso não vai me matar. Mas é agonizante.
Minha velha amiga... A fome, me trazendo o desespero, a dor e a insegurança.
Eu vou morrer?... Não, eu estou acima do peso, sabemos que vou agonizar bastante...
Minha mente grita agonizando... Enquanto olho pacificamente o teto e a janela de cortinas fechadas. Eu tento imaginar o céu lá fora. Meu pavor de morar no térreo me impede de olhar pela janela...
Eu estou presa em um corpo doente... Em uma mente doente ...
Minha velha amiga me abraça, trazendo dor e desespero. E desta vez, decidi aceitar.
Estou afogando... A dor me dá sono. Então, vou cochilar. Ao menos assim os pensamentos ruins e alucinações só podem me ferir em meus sonhos... E meu corpo fica salvo de mim mesma...
Velha amiga. Vamos juntos brindar as lágrimas e meu horror. Estou afogando. Mas ao menos esse mar eu já conheço... Essa dor eu já conheço...
Velha amiga... Hoje, você pode me ferir...
Pois estou cansada e não vou resistir muito. Só não vou pernitir morrer ... Afinal, se eu morrer o jogo acaba... E eu sei que você quer brincar mais.
Olá, velha amiga...