terça-feira, 19 de agosto de 2025

quando quebra e dói


Quebrado


A confiança é como um copo de cristal delicado que é arranhado, trincado às vezes, mas quando quebra, se recolado fica marcas claras.

Eu. Eu realmente sinto que quebrou algo importante aqui dentro.

Não é que eu não sinta mais desejo ou atração, nem amor. Mas, eu não sinto mais aquela sensação calorosa de abrigo.


"Que o meu corpo já não é mais seu abrigo
Não tenho culpa por você não me querer
É uma desculpa pra tentar me convencer
Que acabou
Que acabou pra nós dois"

-inferno -Reacao em cadeia


Eu escuto esse trecho. E de fato, o seu corpo não me acalma mais, não é um abrigo. Não é um refúgio.

A sua voz que me aquecia e me deixava ansiosa já não faz falta. Às vezes eu estou ansiosa que ele vá logo trabalhar e me deixar em paz.

Eu não o quero mais. Não sinto muita coisa quando me toca. Muitas sensações estão ali, mas a primeira, a sensação que mais me cativava, a euforia... Algo esta quebrado.


Temos um ao outro, ele me ouve, temos sexo. Só não temos dinheiro. Temos o mínimo para sobreviver. E isso não é o bastante?


... Eu sou um monstro por me sentir tão infeliz mesmo tendo um parceiro que tenta me fazer se sentir amada, desejada e bem cuidada?

Eu estou errada em querer ficar isolada de luto pelos meus sonhos mortos?

Eu... Estou deprimida. Por que não consegui nada do que queria.

Queria um belo álbum de fotos do meu casamento. E não tive isso.

Queria filhos, e não pude ter. Ainda posso tê-los, mas sendo tão pobre, eu realmente devia tê-los?


Eu queria me sentir bonita, mas tenho nojo do meu reflexo. Talvez se eu me esforçar mais.

Eu queria que alguém segurasse minha mão e me guiasse para a direção que quero ir. Queria alguém que limpe minhas lágrimas e me faça não sentir medo ou sentir que preciso pisar em pregos e me machucar para fazer o mínimo.


Eu sinto que estou me agredindo. A minha psicóloga diz isso. Eu me saboto, eu me machuco, eu não me sinto digna.

Essa é a verdade. A culpa de falhar é minha.

Mas... Eu não sinto que sou uma planta de beira de estrada. Eu sinto que sou a planta que nasceu na rachadura do acostamento. Que ocasionalmente passa carros, pessoas, caminhões em mim... Que cada vez que me reergo algo me joga ao solo.

Dor. 

...
"Quem roubou nossa coragem?
Tudo é dor

E toda dor vem do desejo
 de não sentirmos mais dor

Quando o sol
Bater na janela do teu quarto
Lembra e vê 
Que o caminho é um só"

Quando o sol bater na janela do seu quarto- legião urbana 


Quem... Roubou o meu coração?
Quem me quebrou dessa forma tão cruel?

Eu estou com dor. Solitária e com medo....

Porém dessa vez, não vejo esperanças dos meus sonhos. Nem esperanças de novamente sentir-me segura...

Antes eu me sentia segura e com dor...

É estranho. Nos valorizamos as coisas quando as perdemos. Eu sinto que estamos a ir para o fim desse casamento.

Eu posso ver os sinais, as rachaduras crescendo devagar. Algumas estão sendo reparadas por mim, por ele.

Mas desta vez. Sinto que algo importante se estilhaçou...

Eu já tive dias que o odiava, que não o amava mais, dias que quebrei meu coração por sentir-se com medo...

Mas... Agora. Agora... Quebrou mesmo algo importante.

Eu não acho que alguém irá me ouvir.
Eu não confio que minhas lágrimas mudarão algo.

Eu chorei ontem. Chorei hoje...

E sinto que nada mudará.
Sinto que ele não ouve o que me é importante.
Sinto que não tenho ajuda, que não sou valorizada.

Tipo, ele me valoriza. Mas... Agora. Agora que estou ferida? Que já sinto que quero ir embora? Que já encaro a porta de saída?

Agora que já nem me importo mais de esperar, falar e pedir?

Agora?


Agora. Eu tenho o que tanto queria?
Agora que já tenho rancor e decidi não querer mais?


Eu decidi pedir o mínimo. Decidi não confiar mais. Não nos quesitos da casa, da rotina.

Porém observei que por sermos de orçamento pequeno e eu não sentir que alcancarei meus sonhos. Comecei me ressentir. Comecei a sentir tristeza.

Queria ver tokyo no halloween. Ir em uma casa noturna ouvir música.

Queria comprar asas de uma fantasia.

Eu me esforcei tanto. Mas. Não consigo.
Isso dói.

Eu preciso me esforçar mais. Eu preciso continuar tentando mesmo não vendo "frutos".

Isso dói... 

Eu sinto dor. Eu sinto frio. E eu me sinto solitária. Os pesadelos me comem. E eu não posso ser salva.

Novamente me sinto naquele abismo familiar. Talvez eu devesse aceitar a medicação. Eu me tornaria um adulto funcional. Apenas perderia a criatividade. Meus sonhos, o que me faz reconhecer como eu mesma...

É como vender minha alma. Para salvar o corpo. Soa estranho não?

E... E a culpa... A culpa é minha.


"Quem foi que manchou o coração dela de preto?
Ei,quem foi? Ei, quem foi?...

....

"Quem foi que jogou fora nossos sonhos em uma vala?

Ei, quem foi? você já sabe né?

Quando vou me tornar um adulto?

Para quem eu deveria perguntar?

Ei, o que você vai fazer? Eu já não ligo mais"
ロストワンの号哭 (Lost One's Weeping)- vocaloid


A versão do gakupo kamui é a melhor na minha opinião, mas... Ache uma e aprecie como é a cabeça de alguém se perguntando mil coisas e agitada ao som da música...

Em fim. Eu só queria lamentar um pouco. Vou lá lavar a louça, arrumar esta casa. Lutar essa batalha perdida. Afinal, mesmo que eu queira desistir. Eu ainda preciso continuar.

Eu preciso... Não sei por que. Mas, só olhar o tempo passar não me ajudou em nada. Talvez eu precise mudar minhas ações para mudar meu futuro. Se eu estou construindo algo?

Eu não sei. Mas. Uma coisa eu sei. Eu não sou mais aquela pessoa que se congelava na dor.

Eu ainda sinto a mesma dor. A diferença que estou aprendendo focar.




terça-feira, 5 de agosto de 2025

catarse


Eu senti a dor e compreendi de onde veio. A confiança quebrada, as consequências. Eu precisando me desdobrar para suprir o básico para mim.

Eu ainda não comi. E falei com a Ia do meu celular. O gemini.

E então as palavras que ouvi, a validação da dor. A orientação do que preciso fazer, me ajudou a chorar.

Como uma catarse. Eu chorei.

Transbordou para fora a dor. A sensação de validação que esta tudo bem me sentir mal assim.

Eu tenho apenas leite no estomago. É tudo que coloquei para dentro. Leite com um shake de substituir refeição.

Isso é minha alimentação. Essa "ração".

E meio que é catártico. Eu não tenho segurança que se eu falhar terei comida na mesa. Se eu falhar. Estarei faminta.

E... Ok. É catártico.

A sensação de algo ruim saindo, o alívio que nem sabia que precisava. As lágrimas escorrem.

E... Ok, esta tudo bem. Esta tudo bem eu chorar assim não?

As consequências de ter confiado nele.

Eu não comi hoje. E não será a primeira e nem a última vez... É minha culpa por confiar nele.

Da próxima vez eu faço tudo sem confiar nele. E então não estarei aqui, com fome.

É catártico... Eu gostei dessa palavra.

Vou escrever um pouco. Alguma história de fantasia. Isso não enche meu estomago. Mas alimenta e acalenta meus sentimentos.

Hoje não tem comida para mim. 

Eu não consigo. E talvez eu não devia me forçar tanto até vomitar e chorar.

Talvez eu deva apenas deitar na cama e chorar como uma criança pequena.

Amanhã talvez eu esteja melhor e consiga fazer comida. Estou com fome.

Mas ao menos. Eu tenho a mim mesma.

Eu posso confiar que logo irei melhorar e fazer comida.

consequências


Eu já toquei nesse assunto com meu esposo algumas vezes.

Eu já expliquei a importância das coisas. Mas... Isso não importa.

A pia esta suja. Eu quero vomitar.

Não consigo comer e limpar a cozinha para que eu possa almoçar.

Estou faminta e quero chorar. Me sinto com fome e abandonada. Isso é tão doloroso.

Mas... Eu decidi não me ressentir dele.

Eu confiei que ele cuidaria de algo importante para mim. E como sempre. Ele falhou comigo.

Agora estou 3 dias sem comer algo descente. Estou deprimida. Estou com fome.

E não quero comer. Na verdade. Eu digo que não quero comer, para não me ressentir dele.

Eu vou ficar sem comer? Não, decidi que vou comer o que estiver fácil tentar lavar o mínimo de louça e sobreviver assim.

Quero vomitar.

Eu quero comer.

Eu preciso de ajuda. Mas ele não pode me ajudar. Estou a sofrer pelas consequências de ter confiado nele...

A culpa é minha. Se eu tivesse não confiado algo tão importante para ele. Eu não estaria com fome agora.

Agora só posso me ressentir com a companhia da fome.


Rsrsrs dramático né? Talvez eu devia. Devia mesmo escrever algo.

Solitário



Querido diário, eu escrevi muito e apaguei tudo.

Toda a dor, toda a incerteza que vivi com meus pais eu revivo. O ciclo persiste.

Eu me sinto falando com uma parede. Na verdade, eu gostaria de buscar 15 Kg de arroz na temperatura do verão japonês de 35 graus em sol pleno do que dizer cada coisa pequena que me prova todos os dias que não posso confiar no meu companheiro.

Eu tenho a mim mesma. Eu repito para mim que posso confiar em mim mesma. Que posso contar contar comigo mesma.

E... Bem, essa é a verdade.

Minha psicóloga disse algo. Me apontou a rachadura na minha armadura. A ferida que nunca cicatrizou ao morar com meus pais. Que não cicatriza morando com meu esposo. E que, talvez, talvez isso "infeccione", vire rancor e o amor acabe.

Afinal, amor e confiança é tudo. Eu tenho muito amor, confio cegamente em coisas como dinheiro, relacionamento... Mas... Companheirismo?

Não. Meu marido é meu melhor amigo, meu amor...mas meu companheiro?

Não. Faz dias que eu sonho com isso, sozinha, andando com pessoas desconhecidas que sempre me provam que não são de confiança...

Tudo em mim grita. Não confie nele em nada.


Eu em alguns assuntos, eu esqueço e confio. Coisas pequenas.

A louça abandonada, a promessa de fazer a coisa x ou y. De implorar que não faça a ação x ou Y por que o resultado é X ou Y...

Ah, mas eu resolvo essa situação.

Resolve? 3 meses sem usar a banheira.
6 meses com uma lixeira inútil por que ela fede e eu sou incapa de limpa-la.

As vezes eu rio olhando a senhorita lixeira rindo de mim. Eu sonho em terminar a faxinha e confiante lavar a lixeira fedida.

Sério, um dia acordei feliz sonhando que a lixeira estava limpa e a banheira disponível para um banho gelado...

Foi só um sonho... Afinal, eu não consegui lidar com isso. 


Eu não sou mais a adolescência enérgica feliz capaz de orgulhosa erguer uma feira de 1,80 de altura tendo 1,55. Não aguento mais erguer sacos de 20 kg. Eu era jovem, corajosa e desbravava tudo.

Agora. Sou uma adulta olhando o passado. Lamentando meu eu imperativo querendo reconhecimento...

Tudo que consegui foi aprender a cansar meu físico, minha mente e agora ser tão frágil e danificada...

É solitário. Eu sou solitária em algumas questões. Ninguém pode me ajudar.

E esta tudo bem. Mas... Issdo dói. Não quero comer, não quero ser forte. Quero me deitar ao solo e ficar estirada, deprimida...

Eu estou exausta. Eu não quero mais lutar.

Talvez, talvez esteja ok eu ficar deprimida hoje. Lamentar pela ferida e a falha em minha armadura. Aceitar que talvez, o amor não seja o bastante. Que o que eu acreditava ser confiança, não é confiança. Tipo. Eu confio, mas... Meu parceiro todo dia prova que não é confiável. Todo dia deixa essa ferida antiga sangrar e ser reaberta, o ciclo repete.



Isso não tem cura. Não depende de mim.

E. Talvez eu preciso só aceitar que estarei sempre machucada nessa abertura da minha armadura. Que eu estarei sozinha lutando contra monstros que me assombram desde pequena.

Ninguém é digno de confiança. E esta tudo bem. Eu preciso apenas aceitar isso.

Aceitar que algumas jornadas são solitárias mesmos. E que se essa ferida infeccionar. Talvez me custe o amor. O que me une ao casamento.

Foi doloroso ouvir isso. Mas... Eu percebi que...

Eu não tenho um companheiro de batalha. Eu tenho um melhor amigo, um confidente, um amor... Mas um parceiro de guerra?

Não. Eu sou meu próprio exercício... E isso é solitário.

Acho que lamentarei um pouco essa realidade selvagem que não queria aceitar... Mas... É a verdade.

Meu companheiro provou que não é digno de minha confiança. Mas escolhi confiar nele.

Decidi aceitar essa ferida aberta e esperar que ela não seja o dominó do nosso fim. Mas...

Sinceramente... Talvez... Talvez dessa vez. Eu desista de lutar por nós...e aceite ser solo...

Mas pensarei com cuidado em tudo. Afinal, estou sem dormir. E ouvi coisas dolorosas.