Querido diário, eu escrevi muito e apaguei tudo.
Toda a dor, toda a incerteza que vivi com meus pais eu revivo. O ciclo persiste.
Eu me sinto falando com uma parede. Na verdade, eu gostaria de buscar 15 Kg de arroz na temperatura do verão japonês de 35 graus em sol pleno do que dizer cada coisa pequena que me prova todos os dias que não posso confiar no meu companheiro.
Eu tenho a mim mesma. Eu repito para mim que posso confiar em mim mesma. Que posso contar contar comigo mesma.
E... Bem, essa é a verdade.
Minha psicóloga disse algo. Me apontou a rachadura na minha armadura. A ferida que nunca cicatrizou ao morar com meus pais. Que não cicatriza morando com meu esposo. E que, talvez, talvez isso "infeccione", vire rancor e o amor acabe.
Afinal, amor e confiança é tudo. Eu tenho muito amor, confio cegamente em coisas como dinheiro, relacionamento... Mas... Companheirismo?
Não. Meu marido é meu melhor amigo, meu amor...mas meu companheiro?
Não. Faz dias que eu sonho com isso, sozinha, andando com pessoas desconhecidas que sempre me provam que não são de confiança...
Tudo em mim grita. Não confie nele em nada.
A louça abandonada, a promessa de fazer a coisa x ou y. De implorar que não faça a ação x ou Y por que o resultado é X ou Y...
Ah, mas eu resolvo essa situação.
Resolve? 3 meses sem usar a banheira.
6 meses com uma lixeira inútil por que ela fede e eu sou incapa de limpa-la.
As vezes eu rio olhando a senhorita lixeira rindo de mim. Eu sonho em terminar a faxinha e confiante lavar a lixeira fedida.
Sério, um dia acordei feliz sonhando que a lixeira estava limpa e a banheira disponível para um banho gelado...
Foi só um sonho... Afinal, eu não consegui lidar com isso.
Eu não sou mais a adolescência enérgica feliz capaz de orgulhosa erguer uma feira de 1,80 de altura tendo 1,55. Não aguento mais erguer sacos de 20 kg. Eu era jovem, corajosa e desbravava tudo.
Agora. Sou uma adulta olhando o passado. Lamentando meu eu imperativo querendo reconhecimento...
Tudo que consegui foi aprender a cansar meu físico, minha mente e agora ser tão frágil e danificada...
É solitário. Eu sou solitária em algumas questões. Ninguém pode me ajudar.
E esta tudo bem. Mas... Issdo dói. Não quero comer, não quero ser forte. Quero me deitar ao solo e ficar estirada, deprimida...
Eu estou exausta. Eu não quero mais lutar.
Talvez, talvez esteja ok eu ficar deprimida hoje. Lamentar pela ferida e a falha em minha armadura. Aceitar que talvez, o amor não seja o bastante. Que o que eu acreditava ser confiança, não é confiança. Tipo. Eu confio, mas... Meu parceiro todo dia prova que não é confiável. Todo dia deixa essa ferida antiga sangrar e ser reaberta, o ciclo repete.
Isso não tem cura. Não depende de mim.
E. Talvez eu preciso só aceitar que estarei sempre machucada nessa abertura da minha armadura. Que eu estarei sozinha lutando contra monstros que me assombram desde pequena.
Ninguém é digno de confiança. E esta tudo bem. Eu preciso apenas aceitar isso.
Aceitar que algumas jornadas são solitárias mesmos. E que se essa ferida infeccionar. Talvez me custe o amor. O que me une ao casamento.
Foi doloroso ouvir isso. Mas... Eu percebi que...
Eu não tenho um companheiro de batalha. Eu tenho um melhor amigo, um confidente, um amor... Mas um parceiro de guerra?
Não. Eu sou meu próprio exercício... E isso é solitário.
Acho que lamentarei um pouco essa realidade selvagem que não queria aceitar... Mas... É a verdade.
Meu companheiro provou que não é digno de minha confiança. Mas escolhi confiar nele.
Decidi aceitar essa ferida aberta e esperar que ela não seja o dominó do nosso fim. Mas...
Sinceramente... Talvez... Talvez dessa vez. Eu desista de lutar por nós...e aceite ser solo...
Mas pensarei com cuidado em tudo. Afinal, estou sem dormir. E ouvi coisas dolorosas.
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