domingo, 24 de dezembro de 2023

Feliz Natal


Querido leitor deste diário Online. FELIZ NATAL. Lhe desejo todas as coisas boas. E espero que realmente o melhor de aconteça.


Bem, mas... Este diário não veio existir para registrar as coisas boas. Veio para registrar meus lamentos, loucuras e a escuridão de meu coração. E bem. Cá vamos começar com isso.

Meus sogros e a família de meu esposo vieram ao Japão. Fui visita-los por que moram á uma certa distância. Coisa de 3 horas de trem.

Foi uma viagem pacífica. Adoraria ter visto a linda paisagem, mas tanto na ida como na volta eu adormeci. Vê-los foi como uma passagem divertida ao paraíso, somente indo atrás do que precisam para viver, iniciar a vida por aqui.

Bem, mas aí que esta. Meus pais também foram visitá-los. Não sei o que pensar sobre isto.
O fato é que enquanto meu pai deu carona aos pais de meu esposo e meu esposo ao mercado local, eu fiquei na casa.

Minha mãe ficou a falar sobre o passado. 
Ela ama contar sobre os dias sofridos de nossa miséria, dos dias mais frios de nossas vidas.

De fato falar disso deixa eu e meu irmão apreensivos e magoados. Sempre nitidamente expressamos que não queremos nos lembrar disso.

Ela diz que é bom falar, que é uma história de superação....


Esse é o problema. Eu tenho pesadelos com essas memórias dolorosas. E bem, isso foi em 2008, mais de 10 anos. 10 anos dizendo que não estou confortável, que não quero ouvir, não quero fazer parte disso, que quero passar uma borracha, não quero tocar nisso.

Mas é sempre assim. Eu estou no mesmo ambiente, presa á minha mãe e ela adora falar alto sobre isso.

Meu irmão e eu sempre falamos. Isso dói. Mas ela se importa? Não.

O mundo é sobre ela. E nós somos sua maldita platéia.

Sabe, esse ano fui egoísta. Eu não fui ao Natal que ela escolheu. Eu fiquei em casa.

Eu, meu esposo e meus bichinhos.
Frangos da franquia de lanches mos burguer, bolo de mercado e alguns molhos. Foi gostoso.

Eu não precisei me policiar para não falar alto ou de assunto que ninguém liga e me ignoram na mesa, não precisei ouvir músicas que não curto, nem fazer sala para quem não curto.

Eu estou confortável. Claro que seria melhor com os pais do meu esposo. Íamos estar todos juntos. Eles não ligam de que eu me levante da mesa após comer e vá jogar vídeo game, ou só fique quieta largada. Eu posso fazer o que quiser, e sem:

-Tá, tossindo, toma este remédio.
-não apoie os pés assim no sofá, arrume sua coluna.
-Agora comemos prato X, agora comemos prato y, agora é bolo, agora é foto, agora é sobremesa, agora é....
-Fale baixo
-Fala pro seu marido comer, fala pro seu marido falar comigo, fala.... (Meu marido do meu lado, literalmente olhando na cara da pessoa)

Eu sei, é minuciosidade. Mas... Eu cansei.
Essas pessoas não me conhecem, não sabem da minha dor e alegrias, não sabem pelo que passo.

Insistem que eu coma coisas á base de leite. Sendo que me dá cólica e diarréia.

E quando recuso, me impedem de comer quando quero. "Ah, mas tem leite. Você não pode"


Que chatisse! Se eu disse que quero, me deixe comer. Uma colher não vai me matar. Mas uma fatia de 50gr, bem, aí me faz mal. Eu sei dosar. Tenho malditos 28 anos.

Eu saí brava. Não bato de frente, levanto e vou embora.

Minha mãe veio falar comigo.
Disse algo sobre essa ser sua verdade, como ela se lembra e que sua intenção não é magoar.

Ela veio atrás de mim.

Mas sabe. No passado eu queria muito que ela viesse até mim.

Mas... Dessa vez. Eu tenho 28 anos. Estou tanto tento magoada, que não me importo mais. Eu ouvi coisas que queria ter ouvido 10 anos atrás.

Eu percebi que em mais de 10 anos ela faz a mesma coisa, todo natal, todos os anos.... Eu sempre estou magoada e sem esperanças com o Natal... Eu já berrei na adolescência que odeio essa época.

Mas hoje... Hoje senti que estava tão ferida, tão machucada que nem dói mais. Não dá para me ferir mais emocionalmente.... Não há mais o que doer. Dói tanto que... Eu não ligo mais.


Há muitos sentimentos dolorosos aqui dentro. Há muita dor aqui... Mas creio que não é a hora para isso. Aliás, nunca sinto que seja a hora certa. 

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