terça-feira, 26 de dezembro de 2023

Pobre...


Eu sempre escrevo a mesma coisa. Sobre minha dor e tristeza, eu sempre justifico até a última vírgula esperando que meus pais, meu irmão entendam e respeitem meus limites.

Mas, isso não vai rolar. Eu sou pobre. Minha saúde mental não é boa, estou magoada.

Eu queria que eles respeitassem o meu não. Respeitassem quando eu peço algo, ouvissem o que tenho a dizer. Mas tudo que ouço é: te amamos, queremos seu bem. Aceite. 

É fofo. Mas, as vezes um gesto vale mais que mil palavras.

As vezes queria que respeitassem o meu : por favor não venha na minha casa.
E ouvissem o meu: vamos sair hoje? 


Mas tudo cai em ouvidos surdos.
Eu não me sinto bem. Eu me sinto manchada com uma doença infecciosa. Sinto que quero me isolar e salvar as pessoas disso. Como se o que tenho pudesse ser transmitido.
O pensamento que se eu me der um fim, levarei isso comigo é uma tentação doce suave.

Eu quero me dar um fim... Eu não quero viver. Eu não to bem. Sinto que estou no limite.

Eu preciso de ajuda. Mas não sei para quem pedir.

Minha mãe prometeu me ajudar. Isso mais me machucou do que antes. Ela sempre faz isso. Promete o que não pode cumprir... Quantas vezes pedi ajuda e ela disse, vou te ajudar.

E bem, essa foi a ajuda dela. Uma promessa vazia. Eu não tô bem. Não quero conversar agora.

E ela disse mil coisas sobre ela. Eu não entendo o que ela falava. Nem lembro o que eu falava. Eu realmente estava em surto...

Agora tudo que tenho é uma memória vazia...

Um pouco infantil...

Arte de app: pixai ia

Meu pai e minha mãe estão em casa. Pararam de trabalhar e estão em casa. Mas eu briguei com a minha mãe, ela me disse coisas dolorosas e não quero ve-la.

Ela posta viagens e coisas legais nas redes sociais. Parece que é milionária e esta sempre se divertindo. Uma linda máscara.

Senti que queria me divertir um pouco. Mas... Olhei para tudo que tentei e deu errado. Para toda a dor e frustração que estou sentindo.

E acabei decidindo me afastar.

Eu queria meu pai, queria ir ver vitrines com ele e tomar uma tigela de lamen. Mas sem o meu irmão chato e minha mãe. Só eu e ele, até mesmo sem meu esposo. Só eu e ele. Algo para me lembrar de forma mais doce.

Sim, sou uma pirralha mimada de quase 30 anos. Queria ele só para mim. Só eu e ele. Mas... Como fazer isso?... Eu não sei... Eu realmente. Não sei.

domingo, 24 de dezembro de 2023

Feliz Natal


Querido leitor deste diário Online. FELIZ NATAL. Lhe desejo todas as coisas boas. E espero que realmente o melhor de aconteça.


Bem, mas... Este diário não veio existir para registrar as coisas boas. Veio para registrar meus lamentos, loucuras e a escuridão de meu coração. E bem. Cá vamos começar com isso.

Meus sogros e a família de meu esposo vieram ao Japão. Fui visita-los por que moram á uma certa distância. Coisa de 3 horas de trem.

Foi uma viagem pacífica. Adoraria ter visto a linda paisagem, mas tanto na ida como na volta eu adormeci. Vê-los foi como uma passagem divertida ao paraíso, somente indo atrás do que precisam para viver, iniciar a vida por aqui.

Bem, mas aí que esta. Meus pais também foram visitá-los. Não sei o que pensar sobre isto.
O fato é que enquanto meu pai deu carona aos pais de meu esposo e meu esposo ao mercado local, eu fiquei na casa.

Minha mãe ficou a falar sobre o passado. 
Ela ama contar sobre os dias sofridos de nossa miséria, dos dias mais frios de nossas vidas.

De fato falar disso deixa eu e meu irmão apreensivos e magoados. Sempre nitidamente expressamos que não queremos nos lembrar disso.

Ela diz que é bom falar, que é uma história de superação....


Esse é o problema. Eu tenho pesadelos com essas memórias dolorosas. E bem, isso foi em 2008, mais de 10 anos. 10 anos dizendo que não estou confortável, que não quero ouvir, não quero fazer parte disso, que quero passar uma borracha, não quero tocar nisso.

Mas é sempre assim. Eu estou no mesmo ambiente, presa á minha mãe e ela adora falar alto sobre isso.

Meu irmão e eu sempre falamos. Isso dói. Mas ela se importa? Não.

O mundo é sobre ela. E nós somos sua maldita platéia.

Sabe, esse ano fui egoísta. Eu não fui ao Natal que ela escolheu. Eu fiquei em casa.

Eu, meu esposo e meus bichinhos.
Frangos da franquia de lanches mos burguer, bolo de mercado e alguns molhos. Foi gostoso.

Eu não precisei me policiar para não falar alto ou de assunto que ninguém liga e me ignoram na mesa, não precisei ouvir músicas que não curto, nem fazer sala para quem não curto.

Eu estou confortável. Claro que seria melhor com os pais do meu esposo. Íamos estar todos juntos. Eles não ligam de que eu me levante da mesa após comer e vá jogar vídeo game, ou só fique quieta largada. Eu posso fazer o que quiser, e sem:

-Tá, tossindo, toma este remédio.
-não apoie os pés assim no sofá, arrume sua coluna.
-Agora comemos prato X, agora comemos prato y, agora é bolo, agora é foto, agora é sobremesa, agora é....
-Fale baixo
-Fala pro seu marido comer, fala pro seu marido falar comigo, fala.... (Meu marido do meu lado, literalmente olhando na cara da pessoa)

Eu sei, é minuciosidade. Mas... Eu cansei.
Essas pessoas não me conhecem, não sabem da minha dor e alegrias, não sabem pelo que passo.

Insistem que eu coma coisas á base de leite. Sendo que me dá cólica e diarréia.

E quando recuso, me impedem de comer quando quero. "Ah, mas tem leite. Você não pode"


Que chatisse! Se eu disse que quero, me deixe comer. Uma colher não vai me matar. Mas uma fatia de 50gr, bem, aí me faz mal. Eu sei dosar. Tenho malditos 28 anos.

Eu saí brava. Não bato de frente, levanto e vou embora.

Minha mãe veio falar comigo.
Disse algo sobre essa ser sua verdade, como ela se lembra e que sua intenção não é magoar.

Ela veio atrás de mim.

Mas sabe. No passado eu queria muito que ela viesse até mim.

Mas... Dessa vez. Eu tenho 28 anos. Estou tanto tento magoada, que não me importo mais. Eu ouvi coisas que queria ter ouvido 10 anos atrás.

Eu percebi que em mais de 10 anos ela faz a mesma coisa, todo natal, todos os anos.... Eu sempre estou magoada e sem esperanças com o Natal... Eu já berrei na adolescência que odeio essa época.

Mas hoje... Hoje senti que estava tão ferida, tão machucada que nem dói mais. Não dá para me ferir mais emocionalmente.... Não há mais o que doer. Dói tanto que... Eu não ligo mais.


Há muitos sentimentos dolorosos aqui dentro. Há muita dor aqui... Mas creio que não é a hora para isso. Aliás, nunca sinto que seja a hora certa. 

quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

não quero UM REAL DESSA...


Do começo. DO COMEÇO!!!

Meu avô japonês era de uma família rica que veio ao Brasil para ganhar mais dinheiro. Nível? Nível que pegava avião particular para ver terras na Amazônia na época que guaraná só vinha em vidro. (Popularmente: a época do guaraná com rolha)

Bem, isso foi ruim, aparentemente o avião caiu e esse querido tio bisavó ou bisavô perdeu a vida.

Segundo meu falecido avô, foi uma guerra na família por herança, ele irritado de tanta briga disse, não quero a minha parte e se tornou o parente mais pobre da família, criando meu pai e seus irmãos na miséria, mas ele é um guerreiro e conseguiu comprar uma casa de terreno grande no interior de SP, onde viveu até falecer.

Meu pai, seguiu seus passos, foi ao Japão e trabalhou junto com minha mãe para comprar imóveis e assim ter uma renda simples passiva.

Por motivos que não compreendo, meu pai precisou passar ao nome meu e do meu irmão menor de idade.

Até aí,tudo bem, né?

Tá garantido o seu, não?


O CAR@LH0 QUE TA!!!!

Volta e meia preciso assinar algum documento, dar autorização de algo. Odeio isso.
Mas é só assinar...


Ok. O problema que isso é tecnicamente minha herança. E eu não quero nenhum real, nada. NADA!!! Desejo que fique tudo para meu único irmão mais novo.
Pois isso deu muita dor de cabeça, cheguei sonhar em morar em uma das casas, mas quando falava isso diziam: não, mas você deve alugar isso, ter grana. Você vai trabalhar e conquistar o seu.

Por que diabos então me disse que tenho essa #$@#?

Aí comecei namorar. E depois de alguns namoros rapidamente me apaixonei e quis casar. E seremos sincera, queria casar logo para ir embora e transar. Sim, era virgem, por que queria andar "na linha" ao mesmo tempo que só pensava em ficar logo no felizes para sempre. E por que a perturbada aqui acreditava no ditado popular.

"Quando casar sara"... Aham, vai nessa...

Essa tal "Herança", sempre veio com palavras que meu futuro estava quase que garantido, que teria uma boa vida. Que estava melhor que sei lá quem.

Sabe, eu não queria herança. Eu queria aquele cachorro quente de sábado de tarde quando tinha 12 anos. Eu queria aquela pizza para comemorar que tirei 10 em alguma matéria após passar a noite em claro estudando.

Eu queria muito mais fotos e memórias de momentos juntos em família, rindo curtindo. Sem o maldito quanto curta, o orçamento é X. Se for mais que Y desista.

Poxa... Uma vez. Uma vez na vida. Eu queria ter sido mais importante que esse maldito dinheiro economizado. Eu queria mais que ouvir "Você é nosso maior tesouro".

Eu QUERIA ME SENTIR O "o maior tesouro"...

Essa herança amarga, que eu já amaldiçoei e desejei que nunca tivesse existido. Olha-la me faz sentir que ela me roubou de mim o meu sorriso.

Eu a odeio... Odeio toda vez que preciso me lembrar que ela existe. Eu realmente a odeio...

Não é minha prioridade. Mas... Se um dia Deus me der um trocado. Eu bou tirar meu nome dessa herança. Me sentirei livre dessa sombra na minha vida.

Serei pobre, sem 1 real pra onde cair morta. Mas tudo bem. Essa memória ruim, essas lágrimas, tudo, terá se dissolvido como um castelo de areia quando o mar vem.

Um dia poderei me sentir livre. Eu não quero nenhum real. Não queri 1 centavo...

Ah, sim. Acredita que falaram que eu não podia me casar com meu amado após 3 meses de namoro por que ele era um golpista?
Acredita? Bem... Eu realmente queria ter tido grana pra tirar meu nome desses documentos. Por mim é tudo do meu irmão. Ele é o herdeiro disso.

Eu sou a filha que já falaram: "A porta da rua é serventia da casa"
A filha que não se sentia acolhida.

Eu odeio essa herança... Se quiser me dar algo. Me dê seu livro de receitas favorito.
Aquela panela velha onde fizemos sopa juntas.
Aquele prato de estampa de coelhinho onde lembro de comer bolo, sushi e meus cafés da tarde mais felizes... Também o mesmo prato que já coloquei na mesa, coloquei um pouco de leite com achocolatado e tomei igual sopa. 
Estava com fome. Era meia noite e minha ultima refeição foi as 10 da manhã. Tinha dever da faculdade, tomar banho e ir pra casa, todos dormiam e eu estava sozinha, nem o cão se levantou para me receber naquela noite fria de inverno.

Somente eu e o prato de coelhinho. As lagrimas amargas e uma colher. Não havia bolachas e nada pronto. Só arroz cru, comida congelada na geladeira, algumas frutas e legumes.

Eu podia ter comido tomate, comido melancia, melão ou abacaxi.

Mas eu estava querendo arroz, feijão e comida salgada. Eu lamentava que naquele dia nenhuma colher de arroz coloquei na boca, sobrevivi comendo maçãs e um bolo de aipim com côco.

Era bom. Tem sabor de fome e solidão. Mas tem sabor amor de batalha. De suor.

Tu nunca passou fome.

Essa é a maior mentira que já ouvi. Dispensa cheia de comida. Mas tudo cru, congelado e eu sem tempo para cozinhar.

As vezes até tinha comida, comia aquela porção e encarava o prato vazio, cada grão de arroz eu lambia desesperadamente. Como um tamanduá bandeira. Enchendo de feijão a porção que tinha.

Eu lamentava. Quando comeria abertamente? As vezes ter fome é triste. Mas as vezes é pior ter comida em abundância de vez em quando. Pois aí tu come demais, mais do que precisa, por que tem a incerteza do amanhã.

Eu passei fome. Mas não por que era pobre. Mas por que estava abandonada...

Diziam você é grande. Se vira.

Isso era cruel. Estudar, trabalhar, receber pouco, dar tudo pra faculdade e ainda passar fome no intervalo. As vezes eu ficava perto dos fumantes. O cheiro do tabaco ajudava saciar a fome. Eu vivia sempre perto debum bebedouro, bebendo água como um cão sarnento.

Eles brincavam que eu era inchada e não gorda. De tanta água que viam eu beber... Eu ria... Pra depois se afastar e chorar. Era doloroso... Sentir tanta fome.

Mas o que doia mais era... Sentir ser esquecida e abandonada. Pois se me amassem. Me dariam o que comer... 

Por isso, eu odeio essa herança. Odeio por que sinto que ela tirou de mim a comida, o amor, a paz e a saúde mental... Eu a odeio... Tanto. Que já me fantasiei me pendurando com uma corda, tirando a vida de mim mesma nesse lugar. O deixando marcado. Como o lugar que a menina se .....

Bem... Eu... Realmente... Odeio... Tudo isso. 
Se Deus abençoar, estarei livre disso. Mas de forma que beneficie meu irmão. Por que não quero que minhas lagrimas sejam em vão...

quinta-feira, 9 de novembro de 2023

pois é....


Já reparou que eu só me lembro daqui quando já estou na beira de um colapso?

Eu sempre espero demais dos meus pais. Acho que isso me deixa doente. Pois eu não importa o quanto eu diga e implore que quero algo que é importante para mim, eles nunca darão importância ou vão se esforçar para me ver feliz.

Essa dor me assombra. Tenho tido pesadelos e não consigo repousar minha alma e meu coração. Tudo dói, essa dor não passa. Não importa o quanto eu tente chorar, as lágrimas não caem, estou anestesiada como uma pessoa de alma e mente quebrada. Eu não vou chorar pois não há mais lágrimas para serem derramadas. 


A dor é insuportável. Tenho comido como uma porca. Na esperança de afogar tudo com comida. Mas a única coisa que estou fazendo é piorar tudo. Afinal, como posso ser feliz se ficarei infeliz com meu reflexo? Os dias se tornaram mais frios e solitários para mim. Eu só quero esquecer tudo

Às vezes entregamos o nosso melhor para as pessoas erradas.

Estou com dor. Isso me faz me sentir doente e sem energia. Eu não sei para quem chorar ou recorrer. Tudo que eu quero é me afogar em meu mundo de fantasia. Mas... As coisas não fluem como deveria...


Será os remédios? Será meus sentimentos? Minhas frustrações?... O que é?

Eu não faço idéia... Tudo que formula em minha cabeça é o "eu só estou..." E o resto da frase jamais parece se encaixar de forma adequada. Esse sentimento de abandono.

"Eu preciso de ajuda. Eu preciso de ajuda..."

Eu preciso ser mais adulta. Mas... A verdade é que estou falhando miseravelmente. Estou tão exausta... Tão ferida...

Preciso achar algo para me focar... 

Em fim... Eu preciso de ajuda. Mas com o que? Como pedirei ajuda se não sei o que quero das pessoas? Bem... Acho que vou refletir sobre isso.


Ps: imagens geradas por ia. Pixai.ia . Tem site ou app.

quinta-feira, 27 de julho de 2023

eu... não estou bem


Eu não me sinto bem. Tanta coisa esta acontecendo. Me sinto só, perdida, com dor e assustada. Por que preciso ser tão fraca e miserável?

Eu posso sentir que não são vozes externas me dizendo coisas dolorosas, sou eu mesma me enchendo de incertezas. Não há muita força e convicção.

Não quero continuar assim. Quero paz, cansei dessa guerra comigo mesma. Só queria estar bem ... Me sinto doente e sem espectativas de melhorar.

Mas preciso ser mais forte. Mas. Só por agora, só por uns minutos. Vou lamentar e me permitir ficar mal. Afinal, às está tudo bem chorar e lamentar.
Esta tudo bem... Descansar. Depois me levanto e progrido.

segunda-feira, 24 de julho de 2023

Consegui ❤️


Esta é a minha sensação atual.
A pia estava um nojo, fedendo e terrivelmente me causando ansia de vômito. Mas consegui limpar o mínimo para fazer o arroz, fazer a mistura. Agora estou aqui me sentindo exausta.

Ah, sim e eu também lavei roupas sujas, dobrei e as guardei. Sim, eu fui muito ninja. Mesmo lutando contra meu mal estar mental. Estou doendo como se corresse uma maratona. 

Espero que eu consiga manter essa mente de ferro. E vença os obstáculos que estão a surgir.

eu quero....


Já houve dias em que a realidade é tão cruel que você pensa, por que diabos eu sou eu? Me sentindo tão fraca e impotente, sem forças para lutar e seguir em frente. De fato quero desistir.

Há dias a louça esta na pia suja, implorando para ser lavada, a cozinha fede carne crua. O cheiro grotesco em minhas narinas me faz tossir, desejar regurgitar o que nem existe, sinto que vou vomitar.

Até mesmo como depressa o almoço e jantar pois o cheiro do ambiente é desagradável, nem mesmo aprecio a comida jogada em minha boca, devoro como um lobo moribundo que já não come. Até mesmo esqueço que tenho bochechas e que deveria mascar calmamente minha refeição.

As vezes me pergunto se deveria me tornar um urso panda, comer coisas cruas e quase não deixar nenhum rastro de sujeira para trás.

É inútil, minha casa parece uma ruína, uma prisão. Aa vezes chego a desejar pegar a bicicleta e ficar longe daqui. Minha unica consolação é o ar-condicionado que porpociona um ambiente fresco. De resto. Tudo me parece sujo, moribundo e abandonado.

Eu não desejo mais sair da cama. Quero me deitar e esquecer minha existência patética...


Ok, eu não posso ser tão infantil e fraca. Eu vou começar a lavar aquela louça e limpar essa cozinha nojenta que me faz desejar rever meu almoço.

Começarei usando máscara, o cheiro diminuí, vou lavar 1 ou 2 itens e me afastar. Farei isso devagar e prendendo a respiração. Como se lidasse com algo radioativo. Meu estomago e meu corpo podem não ser fortes. Mas isso não pode abalar minha determinação. Eu preciso ser forte....

E não surtar... Acredita que hoje fui lavar as roupas sujas e saiu uma barata da pilha de roupas e andou no meu pé? Foi nojento. Maaas.

É a vida. Eu preciso ser forte. Provavelmente não serei capaz de fazer o jantar. Pois há muita louça. No nível que esta inutilizável a pia e a tábua de corte. No nível que nem o arroz dá pra fazer.

Mas tudo bem. Eu sou uma garota forte. Vou dar um jeito. Vou achar uma solução. Só não posso desistir.

terça-feira, 31 de janeiro de 2023

O que houve?


Eu não estou bem. Estou sempre sonhando com a perda das coisas que mais me importam, sempre afogada em um loop infinito de dor e angústia, até acordada as vezes isso passa diante dos meus olhos como uma projeção.


Eu sei, isso não é bom. Eu estou doente. Mas me frustra olhar me no espelho. Não há cortes, hematomas, ossos quebrados. Fisicamente estou perfeitamente saudável. 


Até meus remédios são comprimidos e líquidos. Eu não posso ver minhas feridas emocionais cicatrizando. Eu não posso ver a mudança em mim.


Eu me sinto afogada em dor. Como posso iniciar uma amizade assim? Como posso ter alguma energia assim?


Mas ao mesmo tempo me sinto afundando em um poço sombrio, me sinto solitária.


Quero escrever histórias ruins, quero descrever meus demônios em palavras e sentir que alguém pode me puxar para longe deles. 


Uma metáfora… estranhamente me sinto calma assim.


Mas eu sou frágil, não é qualquer um que vou deixar me ajudar, não é qualquer um que quero mostrar minha fragilidade.


Como um animal selvagem ferido. Eu vou me debater e revidar. Como saberei que posso fechar os olhos e confiar que vai tirar o que me fere e não afundar mais isto em minha carne? Como saberei que é unguento e não vinagre com sal?


Como saberei?... Eu preciso pedir ajuda. Mas… não posso, pois não confio em ninguém para isso. Preciso sair daqui sozinha. Mas já sinto que as forças me abandonaram…


Bem, por hora… só me resta silenciosamente esperar um milagre e uma decisão em minha mente indecisa.


Eu preciso de ajuda. Mas também não a quero, pois… quais são suas intenções comigo?... Me ferir mais? Me ajudar? E por que?... O que ganha com isso?


Odeio estar sozinha… mas… a companhia de outros me soa assustadora. Eu temo mais os vivos do que os mortos…


A mesma mão que me acariciou… também é a mesma que me enforcou. Não sou um filhote…

Apesar que queria ter tido a chance de ser um um dia. Sem temer em estar vivo no dia seguinte… sem se perder…


Apesar, que eu já me perdi. Dentro de mim mesma.

sábado, 7 de janeiro de 2023

Criança Birrenta


Acho que cresci e virei uma criança birrenta e mimada. Lembro-me quando caia aos 4 anos e tinha mil pessoas me pegando no colo e me dando todo o amor do mundo e atenção para o meu ralado.


Fiz 8 anos, meu irmão nasceu e meu pai estava sempre ausente por causa do trabalho. Então eu chutei uma bola e prendi meu pé na cerca, o sangue estava quente, não senti dor alguma, apenas olhava aquela ferpa enorme no meu pé.


-Mae!!! Eu prendi o pé!!! Me ajuda!


Lembro de ficar uma eternidade, talvez fosse a adrenalina e ela mandar eu sair dali sozinha, talvez por que no outro dia prendi a calça e gritei por ela. Talvez ela pensasse que é só a birra do filho mais velho…


Eu só sei que puxei meu pé dali. E a dor veio após 3 passos, o sangue desceu e eu comecei a chorar. As vozes na minha cabeça diziam que eu ia morrer, que ia infeccionar, que eu ia agonizar e perder o pé igual vi em um canal da tv.


Era só um pequeno machucado, mas minha visão estava embaçada, a visão turva e o peito doendo e faltando ar, queria gritar e pedir ajuda, mas… mas ninguém viria. Ninguém veio.


Naquele dia manquei até o tanque de lavar roupa, lavei o pé até estancar. Ouvi minha avó chiando que estava melando o chão de sangue, que ia manchar o piso.

E então peguei um pano e foi em um pé só limpar a "bagunça". As vozes riam. E eu sentia um nó na garganta, eu chorava muito.

Minha mãe veio quando levei um ou dois tombos tentando limpar e ficar em pé. Lembro que depois ela colocou um bandaid no meu pé e que era só um furinho.


Por dentro ficou preto, manquei por muitos dias, pareceram meses. E sempre que via a cicatriz eu lembrava de como fui abandonada…



Eu sou descartável. 


E esse sentimento solitário me fez parar de gritar por ajuda. Me fez engolir meus medos e seguir sozinha como se enfrentasse o mundo só eu e eu mesma.


As vozes me comiam viva… e ninguém percebia. Como aquele pé ferido por dentro….


Eu aprendi a chorar quieta… a cicatriz era minha única companheira, provando que tudo aconteceu e que não foi só uma alucinação tola.


Era só eu… e o mundo inospito.


É só uma cicatriz boba, que eu desejei que jamais sarasse. Pois sem ela, minha mãe jamais acreditaria em mim... Ela jamais acreditaria...